A ocupação da região sul de Goiás aconteceu
ao mesmo tempo que a ocupação do Triângulo Mineiro, que até 1816 fazia parte do
território da província de Goiás. A maior fase de ocupação do Triângulo Mineiro
se deu no inicio do século XIX, quando o governador da Província de Goiás,
Marquês de São João da Palma, em 1809, quando ele organizou bandeiras de
exploração e reconhecimento do lugar. A ocupação da região sul de Goiás
aconteceu quando ainda não havia
legislação fundiária, o que incentivou a migração para o sertão.
Figura 1 - A INTERIORIZAÇÃO E A MARCHA DO POVOAMENTO NO SÉCULO XVIII
Figura 1 - A INTERIORIZAÇÃO E A MARCHA DO POVOAMENTO NO SÉCULO XVIII
Fonte: PETRONE, P., 1970. p.134.
Por se tratar de uma região, de certa forma,
rota de passagem e de incursões de bandeiras que adentravam o interior do
Brasil, conforme se pode notar na Figura 1, não seria possível determinar como,
convencionalmente é relatado por memorialistas da história local, o pioneirismo
da ocupação e povoamento do município, exclusivamente, da família dos Correa
Bueno, mas, também de várias outras famílias como os Martins Veiga, Martins
Assunção, Rosa do Carmo, Gonzaga de Meneses, Coelho de Siqueira, Sousa Rosa,
Luís Guimarães, Rodrigues Paiva, Antônio de Barros, Mendes Moreira, Barbosa
Amorim, Araújo Moreira, Pereira Vargas, Mattos e Parreira e outras dezenas de
famílias anônimas de pardos e negros livres que aqui se estabeleceram na
perspectiva de construir uma nova vida através do acesso livre à terra. E que,
de certa forma, ajudaram a fundar e a construir as cidades de Piracanjuba,
Morrinhos, Itumbiara, Caldas Novas e Buriti Alegre. Conforme informação dos registros
de casamentos realizadas na Capela de Nossa Senhora do Carmo de 1836 a 1852
sabe-se que essas primeiras famílias de entrantes era em sua maioria de Minas
Gerais e originários das localidades de São Francisco das Chagas, Sacramento,
Piuhuim, Bagagem, Passos, Brejo Alegre, Campos Belos, Dores de Uberaba,
varginha, Formiga, Pitangui, Campanha,
Tamanduá e Araxá.
Como nas demais regiões do Brasil, os primeiros
habitantes de Morrinhos, em sua maioria absoluta eram analfabeta e muitos que
se diziam alfabetizados mal sabiam desenhar o nome de rol de assinaturas dos
inventários post-mortem. O analfabetismo ainda era maior entre as viúvas,
informação que não era nenhuma novidade em um contexto histórico de uma
sociedade agrária em que uma escola de primeiras letras mais próxima podia-se
encontrar a dezenas de quilômetros de suas residências em um tempo que o cavalo
e a mula eram os principais e mais rápidos meios de transportes utilizados.
Os dados revelam que o acesso à educação de
primeiras letras era privilégio de poucos, mesmo entre os mais ricos o
analfabetismo era muito grande e mais acentuado entre mulheres, negros, pardos
e pobres. Durante o período colonial eram pouquíssimas as mulheres que tinham o
acesso à educação formal, somente a partir de 1830 que começaram a surgir as
primeiras cadeiras de ensino elementar para meninas em Goiás. Situação que não
melhorou após a independência do Brasil em 1822, segundo os resultados
censitários, já para o final do século XIX, em 1872, 79,7% dos habitantes do
sul de Goiás era de analfabetos, índice que se elevou em 1890, para 88,5%.
Essa população que passou a ocupar o sul de
Goiás teve que migrar de Minas Gerais e de São Paulo para outras localidades em
busca de terras devolutas para apascentar que se encontravam nos longínquos
sertões de Goiás e Mato Grosso. Foram
empurradas para essas regiões interioranas para continuar a dedicar-se a
atividades econômicas centradas na agricultura e pecuária extensiva voltada,
quase que exclusivamente, para o consumo e abastecimento familiar. Foi a crise
da produção aurífera, em um primeiro momento, que instigou esse fluxo
migratório para o Oeste Paulista, Triângulo Mineiro e Sul de Goiás.
Figura 2 - A REGIÃO SUL DE GOIÁS ENTRE, 1822 - 1910
Figura 2 - A REGIÃO SUL DE GOIÁS ENTRE, 1822 - 1910
FONTE: Relatório final do zoneamento ecológico e econômico da região de Meia Ponte. Estudos básicos. Vol I. Estado de Goiás Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e Habitação. Superintendência de Gestão e Proteção Ambiental. Metais De Goiás S/A – Metago: Goiânia, 1999. p.182
(* ) Data da
fundação do povoado
( ** ) Data da emancipação do município
Conforme documentação histórica encontrada em arquivos administrativos, cartoriais e paroquiais pesquisados pela historiografia local a ocupação da região sul de Goiás no qual a cidade de Morrinhos encontrava-se inserida teve início nos fins do século XVIII e início do século XIX. A constituição do pequeno povoado que futuramente veio a ser Vila Bela (1871) e, posteriormente, Morrinhos (1882) deve ter se iniciado na década de 1820
Mas precisamente, na década de 1830, já havia um pequeno arraial com poucas casas em que foi edificada uma pequena capela construída em homenagem à Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos, cujas atividades religiosas tiveram início em 1836 quando se tem o registro do primeiro casamento que foi realizado em 11 de abril e teve como noivos Francisco de Paula Abreu e Maria Teodora de Jesus (BARBOSA, 2017).
Mas precisamente, na década de 1830, já havia um pequeno arraial com poucas casas em que foi edificada uma pequena capela construída em homenagem à Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos, cujas atividades religiosas tiveram início em 1836 quando se tem o registro do primeiro casamento que foi realizado em 11 de abril e teve como noivos Francisco de Paula Abreu e Maria Teodora de Jesus (BARBOSA, 2017).
Naquele tempo era comum, depois de alguns
anos ou algumas décadas, os fazendeiros de determinada localidade se reunirem e
fazerem doações de terras para ao
patrimônio de um santo ou santa, onde seria construído a igreja ou capela em
cujas proximidades acabava surgindo um
pequeno arraial que, ser tornava um povoado, depois, freguesia e vila e, por
fim, cidade com a emancipação política. Quando o capitão Gaspar Martins da Veiga
juntamente com sua esposa Joaquina Maria de Jesus, doaram as terras para a
constituição do patrimônio de Nossa Senhora do Carmo – cerca de 600 alqueires – por escritura pública de cartório em 26 de
março de 1845, o arraial de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos já estava
constituído a algum tempo, mas, a constituição das terras do patrimônio era uma
pré-condição para a elevação de um arraial à condição de Freguesia. Com isso, o
pequeno arraial passou a ser denominado de Freguesia de Nossa Senhora do Carmo
dos Morrinhos. O terreno doado naquela ocasião compreende as terras que
atualmente abrange a área urbana da cidade de Morrinhos-GO.
Os arraiais que se
tornaram vilas e, posteriormente, cidades originaram-se, em sua grande maioria,
de patrimônios religiosos, em que um ou mais proprietários de terras, doavam
terras ao santo de sua devoção, por meio de documento público onde o
beneficiário era a autoridade eclesiástica. O doador fixava desta forma, as
bases estruturais do futuro aglomerado procurando atrair moradores para o
local. Os que estabelecem no chão doado ao santo padroeiro pagavam foros à
diocese e, os que fixavam nas redondezas tornavam-se arrendatários ou
proprietários de lotes de terras ocupados.[1] Essa prática de doar uma
pequena parcela de terra à uma paróquia ou a uma comarca das vizinhanças, era também, uma das formas dos grandes
proprietários legitimarem suas posses e valorizar suas propriedades, “de modo a
envolver as autoridades locais e a garantir seu apoio, em caso de litígio.”[1]
Os arraiais que se tornaram vilas e, posteriormente, cidades originaram-se, em sua grande maioria, de patrimônios religiosos, em que um ou mais proprietários de terras, doavam terras ao santo de sua devoção, por meio de documento público onde o beneficiário era a autoridade eclesiástica. O doador fixava desta forma, as bases estruturais do futuro aglomerado procurando atrair moradores para o local. Os que estabelecem no chão doado ao santo padroeiro pagavam foros à diocese e, os que fixavam nas redondezas tornavam-se arrendatários ou proprietários de lotes de terras ocupados..[1] Essa prática de doar uma
pequena parcela de terra à uma paróquia ou a uma comarca das vizinhanças,era também, uma das formas dos grandes proprietários legitimarem suas
posses e valorizar suas propriedades, “de modo a envolver as autoridades locais
e a garantir seu apoio, em caso de litígio.”[2]
Com a Resolução n.º 2 de 15 de novembro 25 de
novembro de 1855, a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos foi
elevado à condição de Vila Bela do
Paranaíba. Condição revogada em 1859 e restabelecida somente em 1871, pela Lei
n.63 de 19 de novembro de 1871, em que passou a denominar-se Vila Bela de
Morrinhos. Por fim, em 29 de agosto de 1882, foi elevado à categoria de cidade
com a denominação de Morrinhos, que passou a ser conhecida em princípios do
século XX de cidade dos pomares.
[2]
AZEVEDO, Aroldo de. Habitat. In. AZEVEDO, Aroldo de. (org.) Brasil: a terra e o homem. Vol.II – A vida humana. Cia. Editora
Nacional: São Paulo, 1970. p.245.
A emancipação política de Morrinhos ocorreu
coincidentemente no momento que intenso fluxo migratório para a região sul de
Goiás, por conta da construção da construção da estrada de sul que foi
iniciativa ainda na década de 1850, a partir do apelo da população regional e,
especialmente, dos comerciantes de Uberaba, implementaram-se obras de
construção de pontes, uma balsa no Porto de Santa Rita do Paranaíba (hoje
Itumbiara), construção e melhorias no traçado da estrada o que possibilitou um
trafego como maior segurança e comodidade, por um caminho que representava a
economia de 60 léguas na viagem a São Paulo e Rio de Janeiro, em relação ao
antigo caminho do Anhanguera que cortava o sudeste de Goiás onde,
posteriormente, a partir de 1909 construiu-se os trilhos da Estrada de Ferro
Goiás. Houve o crescimento expressivo do fluxo migratório para a região sul de
Goiás que se consolidou com a mais importante do Estado até meados do século
XX, que tinha a cidade de Morrinhos como a cidade mais importante da região,
constituindo-se, um dos principais centros econômicos e de decisão política do
Estado de Goiás.[2]
Segundo Borges Sampaio (1971) a estrada do
sul ou de São Paulo foi um empreendimento idealizado pelo Padre Hermógenes nos
primeiros anos do século XIX, quando então solicitou do governo da Capitania de
Goiás e concessão de favores para abrir estrada mais curta e segura entre
Uberaba e aquela capital. Porém, somente foi aberta pelo major Eustáquio,
auxiliado por Pedro Gonçalves, mediante o auxílio de mil cruzados pagos pelo
governo metropolitano.
Figura
3 – A ESTRADA DO SUL
OU DE SÃO PAULO, CONFORME INTINERÁRIO DE J.A. LEITE DE MORAIS – 1881.
Fonte: LEITE MORAES, J. 1995.p.33
Somente a partir de fins de 1880 que este
caminho passou a ser o preferido pelos viajantes por se encontrar mais
densamente povoado e por haver maiores facilidades de auxílio e segurança, e
principalmente, por ser o caminho mais curto e transitável e “foi também por
ela que a expedição do coronel Cunha Matos foi colocando os postes que levaram
os fios telegráficos a Goiás”(SAMAPIO, 1971, p. 184)
Devido a intensificação do movimento pela
estrada do sul que se tornou o principal caminho para Goiás até a chegada dos
trilhos da Estrada de Ferro Goiás (1909), houve um aumento do fluxo migratório,
econômico e comercial para as regiões sul e sudoeste de Goiás. Segundo França
(1975, p. 89) entre os anos de 1870 e 1900 ocorreu significativo aumento
populacional na região sul, marcado pela intensificação da migração, procedente
de São Paulo, sobretudo, de Minas Gerais. Os municípios que tiveram maiores
índices de crescimento demográfico entre os anos de 1872 a 1900 foram:
“Morrinhos (207,3%), Pouso Alto (atual Piracanjuba) (201,6%), Curralinho (atual
Itaberaí) (85,1%), Rio Verde com (72,4%), Entre Rios (atual Ipameri) (66,2%),
Jataí (62,5%) e Jaraguá (53,3%)”.
Na região sul, Morrinhos tornou-se importante
ponto de ligação entre Goiás e Minas Gerais, diferentemente do Sudoeste goiano,
os recém-chegados não vivenciaram o isolamento, e acabavam integrando-se a uma
sociedade já constituída, ampliando-a geográfica, social e economicamente.
Desta forma, a partir dos inventários post-mortem, desenvolvido por Hamilton
A. Oliveira (2006) foi possível identificar algumas famílias pioneiras, que
ocuparam a região sul de Goiás na primeira metade do século XIX distribuídas em
suas respectivas propriedades e domicílios conforme se apresenta na Tabela 1.
Divididas as terras entre os familiares e agregados – que poderiam ser parentes ou não – o preparo da terra para o cultivo e pastagem requeria um esforço conjunto de todos os componentes do núcleo familiar extenso, pois na época todo o trabalho era feito com o uso dos braços, tendo apenas como instrumentos básicos de trabalho a enxada, o machado e a foice e o fogo, não utilizava-se de nenhuma adubação química ou qualquer “defensivo” agrícola, a produção, produtividade era determinado pela qualidade do solo e o ritmo de trabalho acompanhava as estações do ano. O tempo e a vida seguia o ritmo da cavalgada dos cavalos e burros e o ranger dos carros de bois, que somente começaram a ser utilizados no transporte de mercadorias com mais intensidade, em Goiás, na segunda metade do século XIX com a interiorização das ferrovias.
Era no campo, ou melhor, no mundo
rural, que a maioria das pessoas vivia e trabalhavam e, de certa forma, era
autossustentáveis por depender muito pouco mercado externo que ficava nas
pequenas vilas e cidades que eram abastecidas pelo pequeno e diverso excedente
produzido nos principais estabelecimentos rurais. Nos mercados das vilas
comprava-se muito pouca coisa, às vezes um vinho ou bacalhau para determinadas
ocasiões especiais e festivas, o sal que era um produto raro e muito caro,
alguns tecidos finos e aviamentos para fabricação de alguns ternos de roupas de
ocasião, louças, vidros, ferro, aço, ferragens, pólvora, chumbo, ferramentas,
escravos e bestas.
Em Morrinhos, por exemplo, na
década de 1880, conforme dados de notas promissórias de cobranças apresentadas
nos inventários post-mortem,
analisados por Hamilton A. Oliveira (2006) havia somente cinco estabelecimentos
comerciais: Casa Bom Gosto de João Gualberto Teixeira; Hermenegildo, Nunes
& Cia.; José Luiz de Medeiros; Francisco Soares Pinheiro; e Eliézer
Severino de Oliveira & Cia. Tratavam-se de pequenos estabelecimentos que
vendiam de tudo um pouco: sortimentos de fazendas, ferragens, armarinhos,
roupas chapéus, calçados, louças, molhados, sal, café, ferramentas, etc.,
também, alguns medicamentos á base de plantas, raízes e manipulados.
O espaço urbano da cidade de
Morrinhos naquele tempo era bem diminuto, provavelmente, não ultrapassava a 500
casas. A movimentação na cidade ocorria aos finais de semana, sobretudo, nas
ocasiões de festividades religiosas que aconteciam no largo da Igreja Matriz de
Nossa Senhora do Carmo, especialmente, nos meses de julho com a festa da
padroeira que, em 1945, passou a ser denominada de Festa do Centenário que
reunia pessoas do município e cidades vizinhas.
Entre 1920 e 1930 Morrinhos já era uma das
principais cidades de Goiás. Em seu
livro “Morrinhos ao som da lira”, Bruno Vieira fala sobre como a cidade cresceu
depois da passagem de Leite de Morais em 1881. Em seu livro ele fala sobre como
a cidade se estendia um pouco acima da rua do comércio, atual Barão do Rio
Branco. Em 1920 a cidade já tinha 3186 casas ocupadas e apenas duas sem
moradores, a cidade tinha o 5º maior rebanho de Goiás e tinha a 3º maior
produção agrícola, nessa época a cidade também era a 3º maior de Goiás, com 24.502
habitantes. Mesmo com todo este crescimento, o campo era onde concentrava a
maioria das pessoas. Por conta da falta de médicos e remédios farmacêuticos de difícil
acesso os morrinhenses buscavam na medicina popular e no trabalho de
curandeiros, parteiras e benzedores o alívio e a cura de suas enfermidades.
A partir da década de 1930 a cidade de
Morrinhos começou a passar por grandes transformações no espaço urbano,
especialmente, com as grandes obras de construções realizadas por Maria Amabini
de Moraes, viúva do senador Hermenegildo Lopes de Moraes, conhecida
popularmente como D. Fiica, que construiu dois grandes colégios na cidade: o
Ginásio Senador Hermenegildo de Morais (para meninos) e o Colégio Maria Amabini
de Moraes (para meninas). Ela também fundou uma Casa de Misericórdia, mas não
chegou a funcionar. Além disso, vendeu centenas de alqueires de terras a preços
acessíveis a pequenos lavradores e construiu o Cine-Teatro Hollywood, conforme
noticiado no Jornal Folha de Goyaz, em 14 de janeiro de 1945, previa acomodação para 1000 pessoas e foi
inaugurado em 26 de março de 1949 e foi considerado por muito tempo um dos
melhores cinemas do interior de Goiás. Por quatro décadas (1949-1989) foi um
dos principais espaços de lazer e entretenimento da cidade de Morrinhos onde se
fazia além da projeção de filmes de longa metragem em sua telona, peças
teatrais e shows artísticos.
Morrinhos na década de 1950 já não era mais a
pequena vila de casas rústicas e esparsas e de aparência deprimente, conforme
relatos de memorialistas e viajantes que outrora aqui viveram e que passaram
pela cidade. Ao longo do século XX a área urbana passou por grandes
transformações, influenciadas pelas notícias e novidades apresentadas pela
construção de Goiânia a moderna e nova capital de Goiás, Morrinhos foi
modificando a sua paisagem urbanística, a começar pela construção da nova
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo na década de 1930, modificações das
fachadas de antigos casarões coloniais ou a sua destruição e construção de
residências com estilo moderno de alvenaria: tijolos, telhas francesas,
alpendres e fachadas, muitas vezes, seguindo o estilo Art´Deco a exemplo na nova capital que nascia com uma missão
civilizatória conforme preconizavam seus idealizadores, especialmente, Pedro Ludovico
Teixeira.
Morrinhos possuíam uma população, conforme o
Recenseamento de 1950, de 20,8 mil habitantes, destes 1.600 viviam na área
urbana (área central da cidade) e pouco mais de 3 mil já - sofrendo os efeitos
da migração do campo para a cidade – já estavam ocupando a área suburbana da
cidade (bairros periféricos da cidade: Noroeste
- conhecido na época como o Açude -, o Morro da Saudade, São Francisco
de Assis – que era conhecido popularmente como o “Cata Osso”- e JK) e mais de 8
mil pessoas ainda continuavam vivendo e trabalhado na zona rural. Cerca de
aproximadamente 60% da população de Morrinhos declararam não saber ler e
escrever.
A rua Barão do Rio Branco já não era mais a
rua do “Bacobré, do Pega Fogo ou da Batucada”, mas o principal centro da vida
social, cultural e comercial de Morrinhos, com destaque, além das diversas
casas comerciais, o Cine Teatro Hollywood, o Bar Presidente e o Jóquei Club de
Morrinhos. Mas, a Festa do Centenário realizada no mês de julho na data de
comemorações da festa da padroeira de Nossa Senhora do Carmo de Morrinhos no
mês julho – realizada no campo de futebol atualmente está a Praça da Rodoviária
- continuava sendo o principal evento de
gala frequentado pela elite morrinhense. A área urbana já se estendia para as
proximidades do Cemitério São Miguel e do recém-inaugurado Estágio João Vilela
(em 1956), que sempre aos finais de semana recebiam jogos do América Futebol
Club do campeonato goiano ou partidas disputadas com times locais e regionais
que a população morrinhense acompanhava com muito gosto.
**Texto produzido e adaptado
por Hamilton Afonso de Oliveira com a colaboração da bolsista Karen da Cunha
Alves para a realização de atividades do PIBID para o 1.os anos do
Ensino Médio do Colégio Coronel Pedro Nunes.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Aroldo de. (org.) Brasil: a terra e o homem. Vol.II – A
vida humana. Cia. Editora Nacional: São Paulo, 1970.
BARBOSA, José A. Triângulo da História. 3º
ed. Revista e aumentada. Goiânia: Kelps, 2017.
FRANÇA, Maria de Sousa. Povoamento
no Sul de Goiás: estudo da dinâmica da ocupação espacial. Dissertação de
Mestrado apresentado no Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal
de Goiás em convênio com a Universidade de São Paulo: Goiânia, UFG, 1975.
LEITE MORAES, J.A. Apontamentos de viagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
OLIVEIRA, H.
A. (2016). 1804 – A População de Goiás na Transição da Mineração para a
Pecuária. História Revista, 21(1), 154-187. https://doi.org/10.5216/hr.v21i1.33600 - acessado em 04 de ago. de 2019.
______________
A construção da riqueza no sul de Goiás.
Tese de doutorado. Universidade Júlio de Mesquita Filho (UNESP): Franca-SP,
2006. In. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=98827 –
acessado em 04 de ago. de 2019.
PETRONE, P. Povoamento e colonização. In. AZEVEDO, Aroldo de.(Org.) Brasil: a terra e o homem. Vol.II – A
vida humana. Cia. Editora Nacional: São Paulo, 1970.
Relatório
final do zoneamento ecológico e econômico da região de Meia Ponte.
Estudos básicos. Vol I. Estado de Goiás Secretaria do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e Habitação. Superintendência de Gestão e Proteção Ambiental.
Metais De Goiás S/A – Metago: Goiânia, 1999.
[1]
SILVA, 2004 p.42
[2]
A estrada do sul passou a ser a principal via de acesso de Goiás ao Triângulo,
Uberabinha (Uberlândia), Uberaba e com o Província de São Paulo e Rio de
Janeiro. Uberaba, no Triângulo Mineiro,
se tornou no último quartel do século XIX a principal ponte intermediária não
só das relações comerciais, mas, também, de passagem de novos fluxos
migratórios que estavam à procura de abundantes campos, ainda devolutos,
propícios para criação de gado no sul e sudoeste goiano.
[1]
AZEVEDO, Aroldo de. Habitat. In. AZEVEDO, Aroldo de. (org.) Brasil: a terra e o homem. Vol.II – A vida humana. Cia. Editora
Nacional: São Paulo, 1970. p.245.
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