domingo, 25 de agosto de 2019

Aeroporto de Morrinhos - Painel 5

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA 





Hamilton Afonso de Oliveira1


Apertem os cintos! Aviões de passageiros vão pousar e decolar da cidade de Morrinhos
Fotos da solenidade de inauguração do aeroporto em Morrinhos em 1.º de outubro de 1947.

O jornal Folha de Goyaz noticiava  em 18 de janeiro de 1945,  que por iniciativa do então prefeito de Morrinhos Guilherme Xavier de Almeida , foi fundado em 15 de janeiro daquele ano o Aero Club de Morrinhos com apresença de  autoridades locais e de municípios vizinhos. No dia 1.º de outubro de 1947 foi inaugurada  a terceira linha aérea com vôos regulares da viação VIABRAZ em Goiáspara o transportes de passageiros em voos regulares de Morrinhos para Goiânia e outras cidades brasileiras. A solenidadde contou com a presença do governador de Goiás Coimbra Bueno e autoridades locais da época, com destaque, para o prefeito Antônio Barbosa e o deputado Gumercindo Otero.

Fonte: Jornal O Renovador, Edição Quinzenal de Janeiro de 1959, p.5.

Voos regulares da VIAVRAZ  outras empresas de viação como a REAL, faziam parte do cotidiano da cidade de Morrinhos. O jornal O Renovador na sua edição quizenal de janeiro de 1959, anunciava, conforme anúcio ao lado voos regualares para as principais cidades brasileiras.
Considerações finais

Morrinhos dos  fins da década de 1950 já  não era mais  uma pequena vila de casas  tão somente rústicas e esparsas e de aparência deprimente, conforme relatos de memorialistas e viajantes que outrora aqui viveram e que passaram pela cidade. Mas uma cidade com toda aparência de aspectos de uma cidade interiorana moderna representada pela sua elite intelectual e política de grande representação na política do Estado de Goiás e, de certa forma, do Brasil. Havia passado por transformações  na paisagem urbanística com o calçamento das ruas da área central da cidade (rua Rio Grande do Sul até o cruzamento da rua Piauí, para as quadras abaixo e seguindo pela a avenida Coronel Pedro Nunes até o Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo) e com muitos edifícios e construções de aparência moderna para os padrões interioranos. Além de gozar de aeroporto com voos regulares de passageiros para as principais cidades brasileiras.
Conforme o Recenseamento de 1950, a população de Morrinhos era de 20,8 mil habitantes, destes 1.600 viviam na área urbana (área central da cidade) e pouco mais de 3 mil pessoas , já sofrendo os primeiros efeitos da modernização da agricultura ,  residiam  em áreas consideradas suburbanas da cidade (os setores Noroeste, conhecido na época como o Açude , o Morro da Saudade, São Francisco de Assis, conhecido na época por Cerrado ou “Cata Osso”- e o JK) e mais de 8 mil pessoas ainda continuavam vivendo e trabalhado na zona rural. Desta população total, aproximadamente, 60% não sabiam ler e escrever.
Em 1957 a rua barão do Rio Branco já não era mais a rua do “Bacobré, do Pega Fogo ou da Batucada”, mas o principal centro da vida social, cultural e comercial de Morrinhos, com destaque, além das diversas casas comerciais, o Cine Teatro Hollywood, o Bar Presidente e o Jóquei Club de Morrinhos.  A Festa do Centenário realizada no mês de julho continuava com o seu esplendor.  Mas,  a cidade cada vez mais sofria a influência cultural urbana, o cinema, o Rock & Rol, o Blues,  Jazz, músicas românticas nacionais e internacionais, bem como, o som inesquecível da Jovem Guarda, provavelmente, podiam ser ouvidos pelas ondas do rádio e nos ambientes do Bar Presidente, Cine Hollywood e nos bailes animados do Jóquei Club.
 A área urbana já começava a se estender para além do Cemitério São Miguel e do moderno e recém-inaugurado Estágio João Vilela (em 1956). Que sempre aos finais de semana recebiam jogos do América Futebol Club que recebiam times da capital e do interior e acabou  sagrando-se campeão o goiano em 1959. O futebol fazia parte do cotidiano  da população morrinhense. Conforme notícias veiculadas pela imprensa esportiva da época, os desportistas morrinheses, provavelmente, tiveram participação efetiva na organização das primeiras edições do campeonato goiano de futebol.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, F. A. Colégio das Freiras: educação feminina no curso normal no sul de Goiás – 1939-1968. Dissertação de Mestrado em História. Universidade federal de Goiás: Catalão-GO, 2016.
AVANTE!- Órgão do Ginásio Senador Hermenegildo de Morais Ano 2, n.º 8.
FONSECA, M. L. Coronelismo e mandonismo local – Morrinhos 1889-1930. Dissertação de Mestrado em História. Universidade federal de Goiás: Goiânia, 1997. Disponível: https://pos.historia.ufg.br/up/113/o/FONSECA__Maria_L_cia._1997.pdf - acessado em 20 de Ago. de 2019.
JORNAL FOLHA DE GOYAZ, em 14 de janeiro de 1945
JORNAL O RENOVADOR, Edição Quinzenal de Janeiro de 1959.
LEITE MORAES, J.A. Apontamentos de viagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
OLIVEIRA, H.A. A construção da riqueza no sul de Goiás: 1843-1910. Tese de Doutadora. Universidade Estadual Paulista: Franca-SP, 2006.
OLIVEIRA, H.A. Lembranças de Morrinhos de uma escritora morrinhense de outrora. In. REVISTA DA ACADEMIA MORRINHENSE DE LETRAS (Org.). Ano 4. Vol. 4. Coiânia-GO: Kelps, 2018.
RECENSEAMENTO GERAL DO BRASIL DE 1950. Disponível: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_1950.pdf - acessado em 10 de jul. 2019


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

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