sábado, 24 de agosto de 2019

A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana - Painel 2B

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA PAISAGEM URBANA




   Hamilton Afonso de Oliveira1  


A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana


Morrinhos cidade dos pomares e “Atenas de Goiás”: a construção de escolas modernas

Morrinhos devido as transformações na sua estrutura urbana iniciada, sobretudo, na década de 1930, mas que provavelmente tenha atingindo o seu nas décadas de 1940 e 1950, segundo Fonseca (1997), a passou a ser definida de duas formas: “A Cidade dos Pomares” e “A Atenas de Goiás”. Morrinhos acabou ganhando destaque de cidade cultural, devido a vocação natural pelas artes, devido a seus escritores (José Xavier de Almeida, José Xavier de Almeida Jr., Guilherme Xavier de Almeida) ou músicos (coronel João Lopes Zedes, pistonista; Major Limírio, mecenas das bandas de música) e os maestros Vicente José Vieira e seu filho Bruno José Vieira. Que passava pelo incentivo às artes, especialmente no teatro, com a chegada de Juquinha Diniz (agrimensor, político, professor e teatrólogo) à cidade.
E, também, pelo destaque na educação que a cidade passou a ter, segundo Andrade (2016) com a inauguração do Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes em 1924, mas somente, na década de 1930 passou a funcionar em prédio próprio e adaptado para atividades de ensino, conforme nota-se na foto abaixo,  podia receber cerca de 300 alunos das séries iniciais que atualmente compreende a primeira fase do Ensino Fundamental.
Foto: Provavelmente da década de 1940.


Depois de funcionar de forma improvisada em um residência, na década de 1930, o Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes, funcionou na avenida Coronel Pedro Nunes, em frente ao antigo Fórum, na localidade está a Escola Municipal Prof. José Cândido. O grupo escolar era dividido em dois pavilhões que dividia meninos e meninas que estudavam separadamente. O ensino era público e gratuito neste estabelecimento de ensino.
Nesta mesma filosofia educacional que vigorava na época, por iniciativa e financiamento, de Maria Amabini de Moraes a construção de dois grandes estabelecimentos de ensino para época: o Ginásio Senador Hermenegildo de Moraes em 1936 (para meninos), administrados pelos padres Estigmatinos e da Escola Normal Maria Amabini de Moraes (para meninas) em 1939 e foi administrado pelas irmãs agostinianas. Esta escola encerrou suas atividades em 1939 e funcionava no edifício em que hoje funciona a Prefeitura Municipal de Morrinhos. Nestes dois colégios o ensino não era público e gratuito, os pais pagavam mensalidades e despesas com a manutenção em regime de internatos de seus filhos e filhas.
As edificações conforme pode se notar nas fotos sofreram a influência da arquitetura moderna em voga nas décadas de 1930 e 1940.  Muitas destas adaptações ainda podem ainda ser percebidas em algumas residências que resistem ao tempo em Morrinhos.

 Construção do Ginásio Senador Hermenegildo de Moraes
     Foto: Ano de 2019

Atual edifício do agora Colégio Coronel Pedro Nunes construído, provavelmente, nos fins da década de 1940.
    Foto: Ano de 1996.
Os edifícios do Ginásio Senador e do Colégio Coronel Pedro Nunes possuem certa similaridade na sua estrutura arquitetônica que, de certa forma, segue o estilo Art Deco vigente no período, porém, o Ginásio Senador ainda matem preservadas suas características originais. Trata-se de edifícios de amplos quadrados em formato de L, com amplos corredores e salas arejadas com capacidade para 40 alunos em cada sala de aula que dispunha de quadro negro, equipamentos didáticos básicos e bliblioteca. Tratava-se de uma infraestrutura escolar existente naqueles tempos em médios e grandes centros urbanos.
Por conta de todas estas condições singulares, que provavelmente, a cidade de Morrinhos ganhou de cidade de destaque na cultura e na educação em Goiás sendo referenciada na impressa pela intelectualidade local e regional como a “Atenas de Goiás”. Apesar destas iniciativas inovadoras a maioria da população morrinhense vivenda em grande parte na zona rual e continuava  analfabeta. O acesso a esta educação escolar ficava ainda restrito às familias de classe média e alta que vivia na área urbana de Morrinhos e cidades vizinhas que podiam pagar e manter seus filhos nas renomadas escolas da cidade dos pomares.

1Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.



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