sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Origem da cidade - painel 1

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A História Contada através da Paisagem Urbana






Hamilton Afonso de Oliveira¹


Origem da cidade


A formação do município de Morrinhos insere-se no contexto da crise da mineração desencadeada nos fins do século XVIII. Essa crise  estimulou  um grande êxodo da população de Minas Gerais  que ocuparam  o oste de São Paulo, o Triangulo Mineiro e sul de Goiás.  Algumas destas  famílias mineiras acabaram se estabelecendo e ocupando as terras da região que de  origem a um pequeno povoado abaixo do Morro da Saudade e às margens de um córrego (Maria Lucinda) que, em 1836, com  a inauguração de uma pequena capela de origem a um pequeno povoado denominado naqueles  tempos de Freguesia de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos. Naqueles tempos  o catolicismo era a única religião oficial professada no Brasil e todo povoado que surgia  tinha refeerência a um santo ou santa como  padroeira de devoção das primeiras famílias fundadoras.

TABELA 1 –AS PRIMEIRAS  FAMÍLIAS E SEUS RESPECTIVOS DOMICÍLIOS EM MORRINHOS, 1840-1870.
FAMÍLIAS
FAZENDAS/DOMICÍLIO
Sousa Rosa
Araras e Almas
Oliveira
Bananeiras
Correa Bueno
Barreiro e Chapadão
Mattos, Araújo, Lourenço e Lima
Bela Cruz ou Vera Cruz
Mendes Moura
Boa Vista/ Sta. Ritta do Pontal
Sousa e Lima
Boa Vista/ Sta. Ritta do Paranaíba
Martins Pereira
Bom Jardim
Duarte e Sousa
Buriti
Guimarães
Chapadão
Dias, Silva e Castilho
Córrego Fundo
Rodrigues da Silva e Ferreira Meirelles
Pombas
Coelho de Siqueira
Caldas Novas
Castilho
Formiga
Vieira de Sousa e Ignácio Borges
Grotão e Mimoso
Araújo e Duarte e Sousa
Mimoso
Vieira, Araújo e Sousa
Monjolinho
Carvalho e dos Santos
Morro Alto
José de Araújo e Amador Araújo
Olho d’Água, Cerradão e Água Quente
Rodrigues da Silva
Papua e Macaúba/ Caldas Novas
Martins Parreira e Araújo
Paraíso e Lajeado
Barbosa de Amorim
Pipoca
Ribeiro da Silva, Martins Assumpção e Sousa
Retiro e Vargem
José do Carmo, Sousa e Vieira
Retiro, Mimoso, São Domingos e Lajeado
Pereira de Mattos e Rosa
Sta. Bárbara e Campinas
Barros, Pereira Vargas, Valladão e Correa Bueno
Serra ou Trás dos Montes
Luis de Sousa
Sta. Rosa
Sousa Vieira e Vicente do Carmo
Tijuqueiro
Borges Pacheco
Três Barras/Sta. Ritta do Pontal
Souza Vieira
Vinagre
Fonte: Escrivania de Família e Sucessões do Fórum Dr. Guilherme Xavier de Almeida de Morrinhos-GO. - inventários post-mortem de 1843-1910.


Descida do Morro da Saudade – Saída para Caldas Novas
Foto: Provavelmente dos fins da década de 1930

De cavalo ou em caravanas de mulas e carros de bois, ou até mesmo abrindo picadas nas matas, as primeiras famílias pioneiras se deslocavam pelo sertão. Todo estes  sacrifício pela  busca de terras devolutas  (com acesso a água)  para tomar posse , fazer os primeiros arranchamentos e o preparar a terra para os primeiros cultivos para garantir a alimentação da família, dos agregados,  escravos e animais. Naqueles tempos era impossível para a maioria dos  homens  sobreviver sem acesso um pedaço de terra  (mesmo que pequeno) para poder cultivar e criar animais domésticos para se alimentar.
A enxada, o machado e a foice e o fogo eram os principais instrumentos utilizados nos trabalho do cultivo, na técnica da derrubada e queimada de matas em terras consideradas de cultura, pois naqueles tempos desconhecia-se o uso de qualquer adubação química ou  “defensivo” agrícola, a produtividade, dependia exclusivamente da qualidade do solo e das chuvas. O ritmo de trabalho e da vida seguia paulatinamente as estações do ano e quase  tudo o que fosse  necessário era produzido nas fazendas. Era uma economia de autossubsistência, de certa forma, diversificada e baseada nas relações de trocas e de ajuda mútua. Poucos eram os produtos comprados  nos raros e pequenos  estabelecimentos existentes nas vilas e cidades. O gado vacum ou cavalar era a principal fonte de renda e de moeda de troca nas poucas transações comerciais que existiam.

1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.



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