
A História Contada através da Paisagem Urbana
Hamilton
Afonso de Oliveira¹
Origem da cidade
A formação do município de Morrinhos
insere-se no contexto da crise da mineração desencadeada nos fins do século
XVIII. Essa crise estimulou um grande êxodo da população de Minas Gerais que ocuparam
o oste de São Paulo, o Triangulo Mineiro e sul de Goiás. Algumas destas famílias mineiras acabaram se estabelecendo e
ocupando as terras da região que de origem a um pequeno povoado abaixo do Morro da
Saudade e às margens de um córrego (Maria Lucinda) que, em 1836, com a inauguração de uma pequena capela de origem
a um pequeno povoado denominado naqueles
tempos de Freguesia de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos. Naqueles
tempos o catolicismo era a única
religião oficial professada no Brasil e todo povoado que surgia tinha refeerência a um santo ou santa como padroeira de devoção das primeiras famílias
fundadoras.
TABELA 1 –AS PRIMEIRAS FAMÍLIAS E SEUS RESPECTIVOS DOMICÍLIOS EM
MORRINHOS, 1840-1870.
FAMÍLIAS
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FAZENDAS/DOMICÍLIO
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Sousa Rosa
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Araras e Almas
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Oliveira
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Bananeiras
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Correa Bueno
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Barreiro e Chapadão
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Mattos, Araújo, Lourenço e Lima
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Bela Cruz ou Vera Cruz
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Mendes Moura
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Boa Vista/ Sta. Ritta do Pontal
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Sousa e Lima
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Boa Vista/ Sta. Ritta do Paranaíba
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Martins Pereira
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Bom Jardim
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Duarte e Sousa
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Buriti
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Guimarães
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Chapadão
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Dias, Silva e Castilho
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Córrego Fundo
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Rodrigues da Silva e Ferreira Meirelles
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Pombas
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Coelho de Siqueira
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Caldas Novas
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Castilho
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Formiga
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Vieira de Sousa e Ignácio Borges
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Grotão e Mimoso
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Araújo e Duarte e Sousa
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Mimoso
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Vieira, Araújo e Sousa
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Monjolinho
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Carvalho e dos Santos
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Morro Alto
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José de Araújo e Amador Araújo
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Olho d’Água, Cerradão e Água Quente
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Rodrigues da Silva
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Papua e Macaúba/ Caldas Novas
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Martins Parreira e Araújo
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Paraíso e Lajeado
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Barbosa de Amorim
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Pipoca
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Ribeiro da Silva, Martins Assumpção e Sousa
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Retiro e Vargem
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José do Carmo, Sousa e Vieira
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Retiro, Mimoso, São Domingos e Lajeado
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Pereira de Mattos e Rosa
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Sta. Bárbara e Campinas
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Barros, Pereira Vargas, Valladão e Correa
Bueno
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Serra ou Trás dos Montes
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Luis de Sousa
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Sta. Rosa
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Sousa Vieira e Vicente do Carmo
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Tijuqueiro
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Borges Pacheco
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Três Barras/Sta. Ritta do Pontal
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Souza Vieira
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Vinagre
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Fonte: Escrivania de
Família e Sucessões do Fórum Dr. Guilherme Xavier de Almeida de Morrinhos-GO. -
inventários post-mortem de 1843-1910.
Descida do Morro da Saudade – Saída para Caldas Novas
Foto: Provavelmente dos fins da década de 1930
De cavalo ou em caravanas de mulas
e carros de bois, ou até mesmo abrindo picadas nas matas, as primeiras famílias
pioneiras se deslocavam pelo sertão. Todo estes sacrifício pela busca de terras devolutas (com acesso a água) para tomar posse , fazer os primeiros
arranchamentos e o preparar a terra para os primeiros cultivos para garantir a alimentação
da família, dos agregados, escravos e
animais. Naqueles tempos era impossível para a maioria dos homens sobreviver
sem acesso um pedaço de terra (mesmo que
pequeno) para poder cultivar e criar animais domésticos para se alimentar.
A
enxada, o machado e a foice e o fogo eram os principais instrumentos utilizados
nos trabalho do cultivo, na técnica da derrubada e queimada de matas em terras
consideradas de cultura, pois naqueles tempos desconhecia-se o uso de qualquer
adubação química ou “defensivo”
agrícola, a produtividade, dependia exclusivamente da qualidade do solo e das
chuvas. O ritmo de trabalho e da vida seguia paulatinamente as estações do ano
e quase tudo o que fosse necessário era produzido nas fazendas. Era uma
economia de autossubsistência, de certa forma, diversificada e baseada nas
relações de trocas e de ajuda mútua. Poucos eram os produtos comprados nos raros e pequenos estabelecimentos existentes nas vilas e
cidades. O gado vacum ou cavalar era a principal fonte de renda e de moeda de
troca nas poucas transações comerciais que existiam.
1 Doutor em História pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de
Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e
Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos).
Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos
bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel
Pedro Nunes.
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