Hamilton Afonso de Oliveira1
Apertem os cintos! Aviões de
passageiros vão pousar e decolar da cidade de Morrinhos
Fotos da solenidade de inauguração
do aeroporto em Morrinhos em 1.º de outubro de 1947.
O jornal Folha de Goyaz
noticiava em 18 de janeiro de 1945, que por iniciativa do então prefeito de
Morrinhos Guilherme Xavier de Almeida , foi fundado em 15 de janeiro daquele
ano o Aero Club de Morrinhos com apresença de autoridades locais e de municípios vizinhos. No
dia 1.º de outubro de 1947 foi inaugurada
a terceira linha aérea com vôos regulares da viação VIABRAZ em Goiáspara
o transportes de passageiros em voos regulares de Morrinhos para Goiânia e
outras cidades brasileiras. A solenidadde contou com a presença do governador
de Goiás Coimbra Bueno e autoridades locais da época, com destaque, para o
prefeito Antônio Barbosa e o deputado Gumercindo Otero.
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Fonte: Jornal O Renovador, Edição
Quinzenal de Janeiro de 1959, p.5.
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Voos regulares da VIAVRAZ outras empresas de viação como a REAL, faziam
parte do cotidiano da cidade de Morrinhos. O jornal O Renovador na sua edição
quizenal de janeiro de 1959, anunciava, conforme anúcio ao lado voos regualares
para as principais cidades brasileiras.
Considerações finais
Morrinhos
dos fins da década de 1950 já não era mais
uma pequena vila de casas tão
somente rústicas e esparsas e de aparência deprimente, conforme relatos de memorialistas
e viajantes que outrora aqui viveram e que passaram pela cidade. Mas uma cidade
com toda aparência de aspectos de uma cidade interiorana moderna representada
pela sua elite intelectual e política de grande representação na política do
Estado de Goiás e, de certa forma, do Brasil. Havia passado por
transformações na paisagem urbanística
com o calçamento das ruas da área central da cidade (rua Rio Grande do Sul até
o cruzamento da rua Piauí, para as quadras abaixo e seguindo pela a avenida
Coronel Pedro Nunes até o Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo) e
com muitos edifícios e construções de aparência moderna para os padrões
interioranos. Além de gozar de aeroporto com voos regulares de passageiros para
as principais cidades brasileiras.
Conforme o
Recenseamento de 1950, a população de Morrinhos era de 20,8 mil habitantes,
destes 1.600 viviam na área urbana (área central da cidade) e pouco mais de 3
mil pessoas , já sofrendo os primeiros efeitos da modernização da agricultura
, residiam em áreas consideradas suburbanas da cidade (os
setores Noroeste, conhecido na época como o Açude , o Morro da Saudade, São
Francisco de Assis, conhecido na época por Cerrado ou “Cata Osso”- e o JK) e
mais de 8 mil pessoas ainda continuavam vivendo e trabalhado na zona rural. Desta
população total, aproximadamente, 60% não sabiam ler e escrever.
Em 1957 a rua
barão do Rio Branco já não era mais a rua do “Bacobré, do Pega Fogo ou da
Batucada”, mas o principal centro da vida social, cultural e comercial de
Morrinhos, com destaque, além das diversas casas comerciais, o Cine Teatro
Hollywood, o Bar Presidente e o Jóquei Club de Morrinhos. A Festa do Centenário realizada no mês de
julho continuava com o seu esplendor. Mas, a
cidade cada vez mais sofria a influência cultural urbana, o cinema, o Rock
& Rol, o Blues, Jazz, músicas
românticas nacionais e internacionais, bem como, o som inesquecível da Jovem
Guarda, provavelmente, podiam ser ouvidos pelas ondas do rádio e nos ambientes do
Bar Presidente, Cine Hollywood e nos bailes animados do Jóquei Club.
A área urbana já começava a se estender para
além do Cemitério São Miguel e do moderno e recém-inaugurado Estágio João
Vilela (em 1956). Que sempre aos finais de semana recebiam jogos do América
Futebol Club que recebiam times da capital e do interior e acabou sagrando-se campeão o goiano em 1959. O
futebol fazia parte do cotidiano da
população morrinhense. Conforme notícias veiculadas pela imprensa esportiva da
época, os desportistas morrinheses, provavelmente, tiveram participação efetiva
na organização das primeiras edições do campeonato goiano de futebol.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, F. A. Colégio das Freiras: educação feminina no
curso normal no sul de Goiás – 1939-1968. Dissertação de Mestrado em História.
Universidade federal de Goiás: Catalão-GO, 2016.
AVANTE!- Órgão do
Ginásio Senador Hermenegildo de Morais Ano 2, n.º 8.
FONSECA, M. L.
Coronelismo e mandonismo local – Morrinhos 1889-1930. Dissertação de Mestrado
em História. Universidade federal de Goiás: Goiânia, 1997. Disponível: https://pos.historia.ufg.br/up/113/o/FONSECA__Maria_L_cia._1997.pdf - acessado em 20 de Ago. de 2019.
JORNAL FOLHA DE
GOYAZ, em 14 de janeiro de 1945
JORNAL O RENOVADOR, Edição
Quinzenal de Janeiro de 1959.
LEITE MORAES,
J.A. Apontamentos de viagem. São
Paulo: Cia. das Letras, 1995.
OLIVEIRA, H.A. A
construção da riqueza no sul de Goiás: 1843-1910. Tese de Doutadora.
Universidade Estadual Paulista: Franca-SP, 2006.
OLIVEIRA, H.A.
Lembranças de Morrinhos de uma escritora morrinhense de outrora. In. REVISTA DA ACADEMIA MORRINHENSE DE LETRAS
(Org.). Ano 4. Vol. 4. Coiânia-GO: Kelps, 2018.
RECENSEAMENTO
GERAL DO BRASIL DE 1950. Disponível: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_1950.pdf - acessado em 10 de jul. 2019
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Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de
Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de
Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML).
Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à
Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.