domingo, 25 de agosto de 2019

Aeroporto de Morrinhos - Painel 5

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA 





Hamilton Afonso de Oliveira1


Apertem os cintos! Aviões de passageiros vão pousar e decolar da cidade de Morrinhos
Fotos da solenidade de inauguração do aeroporto em Morrinhos em 1.º de outubro de 1947.

O jornal Folha de Goyaz noticiava  em 18 de janeiro de 1945,  que por iniciativa do então prefeito de Morrinhos Guilherme Xavier de Almeida , foi fundado em 15 de janeiro daquele ano o Aero Club de Morrinhos com apresença de  autoridades locais e de municípios vizinhos. No dia 1.º de outubro de 1947 foi inaugurada  a terceira linha aérea com vôos regulares da viação VIABRAZ em Goiáspara o transportes de passageiros em voos regulares de Morrinhos para Goiânia e outras cidades brasileiras. A solenidadde contou com a presença do governador de Goiás Coimbra Bueno e autoridades locais da época, com destaque, para o prefeito Antônio Barbosa e o deputado Gumercindo Otero.

Fonte: Jornal O Renovador, Edição Quinzenal de Janeiro de 1959, p.5.

Voos regulares da VIAVRAZ  outras empresas de viação como a REAL, faziam parte do cotidiano da cidade de Morrinhos. O jornal O Renovador na sua edição quizenal de janeiro de 1959, anunciava, conforme anúcio ao lado voos regualares para as principais cidades brasileiras.
Considerações finais

Morrinhos dos  fins da década de 1950 já  não era mais  uma pequena vila de casas  tão somente rústicas e esparsas e de aparência deprimente, conforme relatos de memorialistas e viajantes que outrora aqui viveram e que passaram pela cidade. Mas uma cidade com toda aparência de aspectos de uma cidade interiorana moderna representada pela sua elite intelectual e política de grande representação na política do Estado de Goiás e, de certa forma, do Brasil. Havia passado por transformações  na paisagem urbanística com o calçamento das ruas da área central da cidade (rua Rio Grande do Sul até o cruzamento da rua Piauí, para as quadras abaixo e seguindo pela a avenida Coronel Pedro Nunes até o Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo) e com muitos edifícios e construções de aparência moderna para os padrões interioranos. Além de gozar de aeroporto com voos regulares de passageiros para as principais cidades brasileiras.
Conforme o Recenseamento de 1950, a população de Morrinhos era de 20,8 mil habitantes, destes 1.600 viviam na área urbana (área central da cidade) e pouco mais de 3 mil pessoas , já sofrendo os primeiros efeitos da modernização da agricultura ,  residiam  em áreas consideradas suburbanas da cidade (os setores Noroeste, conhecido na época como o Açude , o Morro da Saudade, São Francisco de Assis, conhecido na época por Cerrado ou “Cata Osso”- e o JK) e mais de 8 mil pessoas ainda continuavam vivendo e trabalhado na zona rural. Desta população total, aproximadamente, 60% não sabiam ler e escrever.
Em 1957 a rua barão do Rio Branco já não era mais a rua do “Bacobré, do Pega Fogo ou da Batucada”, mas o principal centro da vida social, cultural e comercial de Morrinhos, com destaque, além das diversas casas comerciais, o Cine Teatro Hollywood, o Bar Presidente e o Jóquei Club de Morrinhos.  A Festa do Centenário realizada no mês de julho continuava com o seu esplendor.  Mas,  a cidade cada vez mais sofria a influência cultural urbana, o cinema, o Rock & Rol, o Blues,  Jazz, músicas românticas nacionais e internacionais, bem como, o som inesquecível da Jovem Guarda, provavelmente, podiam ser ouvidos pelas ondas do rádio e nos ambientes do Bar Presidente, Cine Hollywood e nos bailes animados do Jóquei Club.
 A área urbana já começava a se estender para além do Cemitério São Miguel e do moderno e recém-inaugurado Estágio João Vilela (em 1956). Que sempre aos finais de semana recebiam jogos do América Futebol Club que recebiam times da capital e do interior e acabou  sagrando-se campeão o goiano em 1959. O futebol fazia parte do cotidiano  da população morrinhense. Conforme notícias veiculadas pela imprensa esportiva da época, os desportistas morrinheses, provavelmente, tiveram participação efetiva na organização das primeiras edições do campeonato goiano de futebol.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, F. A. Colégio das Freiras: educação feminina no curso normal no sul de Goiás – 1939-1968. Dissertação de Mestrado em História. Universidade federal de Goiás: Catalão-GO, 2016.
AVANTE!- Órgão do Ginásio Senador Hermenegildo de Morais Ano 2, n.º 8.
FONSECA, M. L. Coronelismo e mandonismo local – Morrinhos 1889-1930. Dissertação de Mestrado em História. Universidade federal de Goiás: Goiânia, 1997. Disponível: https://pos.historia.ufg.br/up/113/o/FONSECA__Maria_L_cia._1997.pdf - acessado em 20 de Ago. de 2019.
JORNAL FOLHA DE GOYAZ, em 14 de janeiro de 1945
JORNAL O RENOVADOR, Edição Quinzenal de Janeiro de 1959.
LEITE MORAES, J.A. Apontamentos de viagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
OLIVEIRA, H.A. A construção da riqueza no sul de Goiás: 1843-1910. Tese de Doutadora. Universidade Estadual Paulista: Franca-SP, 2006.
OLIVEIRA, H.A. Lembranças de Morrinhos de uma escritora morrinhense de outrora. In. REVISTA DA ACADEMIA MORRINHENSE DE LETRAS (Org.). Ano 4. Vol. 4. Coiânia-GO: Kelps, 2018.
RECENSEAMENTO GERAL DO BRASIL DE 1950. Disponível: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_1950.pdf - acessado em 10 de jul. 2019


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

A Festa do Centenário - Painel 4

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA 





Hamilton Afonso de Oliveira1

A Festa do Centenário e a vista aérea da cidade dos pomares
Vista aérea do barracção da Festa do Centenário
Foto: Por volta de 1945
No ano de 1945 teve início as comemorações do Centenário de doação das terras do  Patrimônio que constituiu a cidade de Morrinhos por Gaspar Martins Veiga e sua mulher Joaquina Maria de Jesus em escritura pública de 26 de março de 1845, considerados  na época, os verdadeiros fundadores da cidade.  A Festa do Centenário passou a ser comemorada todos os anos e, por mais de duas décadas, foi o principal evento festivo,  social e cultural da cidade que, provavelmente, deve ter perdurado até  os fins década de 1960 quando teve início, a festa de Exposição Agropecuária de Morrinhos no parque de exposições Sylvio Gomes de Mello. Tratava-se de um evento que acontecia sempre nos meses de julho e envolviam na sua organização  autoridades civis e religiosas. A festa encerrava-se no dia 16 de julho, dia Nossa Senhora do Carmo padroeira da cidade de Morrinhos.

O grande barracão, conforme foto acima, era construído todos os anos,  basicamente, com madeira e folhas de palmeiras ou buritis no local abaixo da Rodoviária em que por muitos anos, até a década de 1960, havia também no local um campo de futebol. Ecerrando os festejos o barração era demolido. A festa atraia pessoas de Morrinhos e região.



Estampa de panfleto de divulgação da Festa do Centená Estampa de panfleto de divulgação da Festa do Centenário – 1945. rio – 1945.





Não foi por acaso Morrinhos ficou conhecida no Estado de Goiás como a cidade dos pomares, conforme nota-se nas fotografias, as quadras da cidade eram composta de grandes quintais com grandes arvoredos como pés de mangas, mexericas, jaboticabeiras, jacas, bananas, laranjeiras, goiabas, etc.






 Vista aérea da cidade de Morrinhos – trata-se da quadra entre a rua barão do Rio Branco e a rua D. Pedro II. Abaixo á direita esta o antigo Fórum de Morrinhos onde funcionava naquele tempo, também, a Prefeitura Municipal. Foto: Provavelmente de 1945.








Foto: Provavelmente de 1945.
Vista aérea da cidade de Morrinhos – trata-se das quadras que seguem pela rua Pará cruzamento com a rua barão do Rio Branco, abaixo á direita,o Hotel Aparecida, acima o cruzamento da rua Rio Grande do Sul (hoje Banco do Brasil) , o cruzamento acima da avenida Couto de Magalhães (hoje Banco Itaú) e o cruzamento da rua Cel. João Lopes Zedes (Prédio da  Comapanhia Telefônica OI).


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana - Painel 3

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA 








                                                                                                 Hamilton Afonso de Oliveira1

 A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem   urbana

 A movimentada rua barão do Rio Branco com seus edificios 


 Bar Presidente e Joquei Club – Rua Barão do Rio Branco

Foto: Por volta de 1955


Rua Barão do Rio Branco na década de 1950 era o principal centro econômico, social e cultural da cidade de Morrinhos. Já pavimentadas com pedras de paralepípados havia várias lojas (de roupas, armarinhos, calcados, briquedos, farmácias, etc.) com a maioria das fachadas remodeladas em estilo moderno. Em destaque na época,  o Bar Presidente no pavimento deste prédio o Joquei Club de animadas festas e desfiles de debutantes e o Cine-Teatro Hollywood. Nestes ambientes a  influência das tradições culturais dos grandes centros urbanos chegava em Morrinhos pelo  cinema e rádio, bem como, nos bailes animados da época do Jóquei Club com destaque para um novo estilo músical que estava conquistando o mundo: o Rock & Rol e músicas românticas da época.
Na foto abaixo, em sequência do lado, esquerdo prédio onde funcionou o Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais (o primeiro banco de Morrinhos), a loja A Revolução e o prédio de José Chaul que foi o primeiro da cidade construído com três andares. Construído nos  fins da década de 1940, ao que parece, inspirou-se, também no estilo Art Deco e foi inaugurado em 1950.
 As transformações na paisagem urbana se intensificavam com novas construções ou sofriam adaptações em suas fachadas inspiradas em estilos arquitetônicos modernos em voga naqueles tempos.







Rua Barão do Rio Branco - destaque o Edifício de José Chaul
Foto: provavelmente, fins década de 1950



 Casa à esquerda com fachadas em destaque, esquina com a rua Senador Hermenegildo,  foi residência do médico, fazendeiro e líder político local da época, Sylvio Gomes de Mello. Provavelmente, uma construção originalmente colonial que sofreu adaptações das  fachadas e  janelas insperados no estilo Art Deco. Tambem à frente do lado esquerdo, em contrução o prédio de dois pavimentos que outrora funcionou o Banco do Comércio e Industria de Minas Gerais,  Caixa Econômica Federal e a Receita Federal.


Foto: Provavelmente de fins da década de 1950.



Até a década de 1970, quando a maioria da população da cidade de Morrinhos ainda  viviam na zona rural e os principais eventos sociais e culturais estavam relacionadas às tradições sertanejas e aos festejos religiosos católicos. Além da tradicional Festa do Centenário, outras datas eram amplamente comemoradas, como no destaque  da foto acima, de preparativos para as festividades e comemorações pelo dia de Nossa Senhora Aparecida do dia 12 de outubro.
O bar da Esquina que ficava localizado na rua barão do Rio Branco esquina com a rua Senador Hermenegildo. Era bastante frequentado por comerciantes e trabalhadores do comércio onde se serviam café, bebidas e lanches.
Foi o último edifício em estilo colonial que resistiu ao tempo da rua Barão do Rio Branco, que acabou sendo demolido por volta dos fins da década de 1990, com o fechamento do Bar da Esquina.



Bar da Esquina. Neste local funcionou, anteriormente, a administração da Usina Força e Luz do Dr. Sylvio de Mello, a Livraria Cruzmaltina do Sr. Lucy Frauzino e a barbearia do Sr. João Doia.
Foto: Provavelmente da década de 1980. 


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

sábado, 24 de agosto de 2019

Desfiles 7 de setembro - Painel 2C


A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA 





Hamilton Afonso de Oliveira1

Estudantes em marcha: os desfiles de 7 de setembro pelas ruas de Morrinhos

A partir da década de 1950, por conta do contexto histórico em que o Brasil vivia naquele momento logo após a Segunda Guerra Mundial, os desfiln es de 7 de setembro passaram a ser mais uma atração cultural e cívica dos cidadãos morrinhenses que saiam à porta das residências e às ruas para acompanhar os desfiles  das escolas de Morrinhos: Ginásio Senador Hermenegildo de Moraes, da Escola Normal Maria Amabini de Moraes (Colégio das Freiras Agostinianas), o Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes e, anos mais tarde, o Colégio Xavier de Almeida.

 Seguindo a tradição escolar da época meninos e meninas desfilavam separadamente. Ao que parece, os professores também acompanhavam os estudantes nos desfiles pelas principais ruas calçadas de Morrinhos daquele tempo: rua barão do Rio Branco, rua Dr. Pedro Nunes, rua D. Pedro II, rua Senador Hermenegildo (parte baixa da cidade) e encerrando-se, provavelmente, no Largo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo.




À frente vinha a comissão de frente com os portas bandeiras (estandartes das bandeiras do Brasil, Goiás do município, escola ou congregação religiosa), seguido pelas suas bandas musicais (ou fanfarras), bem como, da banda municipal sob o comado dos maestros Vicente José Vieira ou de Bruno José Vieira que acompanhavam os estudantes do Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes.

Em seguida vinham os pelotões de marchantes bem alinhados conforme a  
Alunos do Ginásio Senador passando pela Barão do Rio Branco

Fotos: Provavelmente da década de 1950.

  estatura do maior para o menor,  vestidos de calças pretas, blusas ou camisas longas e brancas e de sapatos bem lustrados.

Foto: Provavelmente da década de 1950.

Conforme nota-se na foto acima as meninas também seguiam o mesmo padrão de marcha militar, com saias e faixas pretas, blusas , luvas e meias brancas e sapatos em  um mesmo estilo e cor. Alunas do Colégio Maria Amabini de Moraes (Colégio das Freiras) em marcha pela rua D. Pedro II, nas proximidades do Fórum. Ao lado esquerdo de branco, acompanhando o desfile o prof. José Cândido. À frente das portas bandeiras seis estudantes formam com letras na faixa em seus bustos a palavra BRASIL.
Alunos do Ginásio Senador descendo pela rua Senador Hermenegildo

Foto: Provavelmente da década de 1950.


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana - Painel 2B

A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA PAISAGEM URBANA




   Hamilton Afonso de Oliveira1  


A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana


Morrinhos cidade dos pomares e “Atenas de Goiás”: a construção de escolas modernas

Morrinhos devido as transformações na sua estrutura urbana iniciada, sobretudo, na década de 1930, mas que provavelmente tenha atingindo o seu nas décadas de 1940 e 1950, segundo Fonseca (1997), a passou a ser definida de duas formas: “A Cidade dos Pomares” e “A Atenas de Goiás”. Morrinhos acabou ganhando destaque de cidade cultural, devido a vocação natural pelas artes, devido a seus escritores (José Xavier de Almeida, José Xavier de Almeida Jr., Guilherme Xavier de Almeida) ou músicos (coronel João Lopes Zedes, pistonista; Major Limírio, mecenas das bandas de música) e os maestros Vicente José Vieira e seu filho Bruno José Vieira. Que passava pelo incentivo às artes, especialmente no teatro, com a chegada de Juquinha Diniz (agrimensor, político, professor e teatrólogo) à cidade.
E, também, pelo destaque na educação que a cidade passou a ter, segundo Andrade (2016) com a inauguração do Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes em 1924, mas somente, na década de 1930 passou a funcionar em prédio próprio e adaptado para atividades de ensino, conforme nota-se na foto abaixo,  podia receber cerca de 300 alunos das séries iniciais que atualmente compreende a primeira fase do Ensino Fundamental.
Foto: Provavelmente da década de 1940.


Depois de funcionar de forma improvisada em um residência, na década de 1930, o Grupo Escolar Coronel Pedro Nunes, funcionou na avenida Coronel Pedro Nunes, em frente ao antigo Fórum, na localidade está a Escola Municipal Prof. José Cândido. O grupo escolar era dividido em dois pavilhões que dividia meninos e meninas que estudavam separadamente. O ensino era público e gratuito neste estabelecimento de ensino.
Nesta mesma filosofia educacional que vigorava na época, por iniciativa e financiamento, de Maria Amabini de Moraes a construção de dois grandes estabelecimentos de ensino para época: o Ginásio Senador Hermenegildo de Moraes em 1936 (para meninos), administrados pelos padres Estigmatinos e da Escola Normal Maria Amabini de Moraes (para meninas) em 1939 e foi administrado pelas irmãs agostinianas. Esta escola encerrou suas atividades em 1939 e funcionava no edifício em que hoje funciona a Prefeitura Municipal de Morrinhos. Nestes dois colégios o ensino não era público e gratuito, os pais pagavam mensalidades e despesas com a manutenção em regime de internatos de seus filhos e filhas.
As edificações conforme pode se notar nas fotos sofreram a influência da arquitetura moderna em voga nas décadas de 1930 e 1940.  Muitas destas adaptações ainda podem ainda ser percebidas em algumas residências que resistem ao tempo em Morrinhos.

 Construção do Ginásio Senador Hermenegildo de Moraes
     Foto: Ano de 2019

Atual edifício do agora Colégio Coronel Pedro Nunes construído, provavelmente, nos fins da década de 1940.
    Foto: Ano de 1996.
Os edifícios do Ginásio Senador e do Colégio Coronel Pedro Nunes possuem certa similaridade na sua estrutura arquitetônica que, de certa forma, segue o estilo Art Deco vigente no período, porém, o Ginásio Senador ainda matem preservadas suas características originais. Trata-se de edifícios de amplos quadrados em formato de L, com amplos corredores e salas arejadas com capacidade para 40 alunos em cada sala de aula que dispunha de quadro negro, equipamentos didáticos básicos e bliblioteca. Tratava-se de uma infraestrutura escolar existente naqueles tempos em médios e grandes centros urbanos.
Por conta de todas estas condições singulares, que provavelmente, a cidade de Morrinhos ganhou de cidade de destaque na cultura e na educação em Goiás sendo referenciada na impressa pela intelectualidade local e regional como a “Atenas de Goiás”. Apesar destas iniciativas inovadoras a maioria da população morrinhense vivenda em grande parte na zona rual e continuava  analfabeta. O acesso a esta educação escolar ficava ainda restrito às familias de classe média e alta que vivia na área urbana de Morrinhos e cidades vizinhas que podiam pagar e manter seus filhos nas renomadas escolas da cidade dos pomares.

1Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana - Painel 2


A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA SUA PAISAGEM URBANA



                                      Hamilton Afonso de Oliveira1 



A Constituição da cidade de Morrinhos moderna: as transformações na paisagem urbana   
Primeira Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo de Morrinhos construída em 1850

Foto: Década de 1920
Foi em torno da capela de Nossa Senhora do Carmo que deu origem a um pequeno povoado que deu origem á cidade de Morrinhos. A primeira Igreja  Matriz  em estilo colonia de duas torees somente foi construída na década de 1850, sendo, um dos pre-requisitos para elevação da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo à condição de Vila Bela do Paranaíba em 1855.



Segunda Igreja Matriz construída na década de 1930
Foto: Década de 1950
Sob Influência da construção de Goiânia na década de 1930, pelo então interventor Pedro Ludovico, a paisagem urbana da cidade Morrinhos começou a passar por transformações, a arquitetura unicamente de estilo colonial foi sendo adaptado ou substituída por estilos arquitetônicos  considerados modernos como o estilo Art Deco que pode ter influenciado na construção da segunda versão da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo nos fins da década de 1930.


Cine-Teatro Hollywood – inaugurado em 1949.


O Cine-Teatro Hollywood foi inaugurado em 26 de março de 1949 e possuía capacidade para 780 pessoas sentadas. Construído no estilo Art Deco foi considerado  por muitos anos o mais luxuoso cinema do interior de Goiás.
Foto: Década de 1960



Além de filmes de longa metragem exibidos regularmente, o Cine-Teatro Hollywood recebia peças teatrais e shows artísticos. No local, também acontecia os principais eventos sociais e políticos da cidade de Morrinhos.













Cine-Teatro Hollywood lotado em seus dois pavimentos.
Foto: provavelmente, fins década de 1960.




1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e História da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.

Os tipos de construções - Painel 1B


A HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA PAISAGEM URBANA




Hamilton Afonso de Oliveira1


Os tipos de construções

Casarão (ou sobrado)  em estilo colonial em frente à Praça do Coreto
Foto: Provavelmente do início do século XX.
Casarão resistindo ao tempo em frente à Praça do Coreto.
Foto: H. A. OLIVEIRA, 2002.

Costruído nos fins da década de 1860, por décadas, o velho sobrado do coronel Hermenegildo Lopes de Moraes esta construção sempre tem se destacado pela sua  singularidade. No passado por várias décadas foi considerada a mais sofisticada construção da pequena cidade de Morrinhos sendo referenciado por memorialistas e viajantes que pela cidade viveu e passou pela sua  onipotencia em relação às demais construções do lugar. De passagem por Morrinhos, em janeiro de 1881, Leite de Moraes, sobre o sobrado em que ficou hospedado deixou a seguinte impressão se existia “vida, o trabalho, o progresso, a felicidade, tudo se concentra apenas na casa onde estamos hospedados” (MORAIS, 1995, p.85).
 Apesar da cidade já ter crescido bastante e contar muitos edifícios urbanos modernos, sofisticados  e até mais onipotentes, o velho casarão não perdeu o seu aspecto singular, por ter resistido ao tempo e a representar o estilo de construção colonial que reinou de forma absoluta no Brasil e em Morrinhos  até meados do século XX  eque  vem desaparecendo rapidamente da paisagem urbana da cidade.

Casarão que foi residência do coronel Pedro Nunes
Foto: provavelmente da década de  1990.
Logo abaixo fazendo divisa com o quintal do casarão do coronel Hermenegildo ficava a residência do coronel Pedro Nunes (genro e sócio em loja comercial do coronel Hermenegildo). O casarão , também tem resistido ao tempo e chegou  quase a ser demolido há alguns anos, se não fosse a intervenção do poder público municipal. Hoje é um edifício da Prefeitura Municipal de Morrinhos, sendo conhecida como a Casa  Rosa.
Casa de pau-a-pique.
Foto: Provavelmente da década de 1940.

Enquanto que as casas rurais dos proprietários eram erguidas sob uma estrutura de madeira, assoalhadas, barreadas, caiadas e cobertas por telhas, as habitações de escravos, lavradores (agregados) e pequenos proprietários eram mais simples era  pau-a-pique e barro, coberta de palhas de palmeira ou capim e, raramente, coberta de  telhas.


1 Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professor do curso de Licenciatura em História e dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade e história da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Câmpus Morrinhos). Membro da Academia Morrinhense de Letras (AML). Atividade desenvolvida pelos bolsitas de História do Programa de Iniciação à Docência no Colégio Coronel Pedro Nunes.